Lembro-me claramente da vez em que notei as primeiras linhas azuladas no meu tornozelo direito. Era final de uma tarde de plantão: pés cansados, pernas pesadas e a sensação de que algo ali não estava mais igual. Alguns meses depois, as veias ficaram mais visíveis; procurei um angiologista, fiz exame e, pela primeira vez, entendi o mecanismo por trás daquele incômodo. Desde então acompanhei amigos, familiares e centenas de leitores na jornada para entender e tratar varizes — com preocupação, paciência e informação prática.
Neste artigo você vai aprender, de forma direta e confiável:
- O que são varizes e por que elas aparecem;
- Quais são os fatores de risco e sinais de alerta;
- Como prevenir e quais tratamentos realmente funcionam;
- Quando procurar um especialista e o que esperar da consulta.
Conteúdo
O que são varizes? Entenda em termos simples
Varizes são veias superficiais dilatadas e tortuosas, normalmente nas pernas. Para simplificar, imagine um cano com válvulas internas que impedem a água de voltar para trás. Se as válvulas não fecham direito, há refluxo, a pressão aumenta e o “cano” (a veia) se alarga — é assim que as varizes aparecem.
Por que isso importa?
Além do aspecto estético, varizes podem causar dor, sensação de peso, cãibras noturnas, inchaço e, em casos avançados, alterações na pele e úlceras venosas. Por isso é importante entender e tratar quando necessário.
Fatores de risco: quem tem mais chance de ter varizes?
- Histórico familiar (genética).
- Idade: o risco aumenta com o tempo.
- Sexo: mulheres apresentam maior incidência (gravidez e hormônios influenciam).
- Gravidez: aumento do volume sanguíneo e pressão uterina.
- Obesidade e sedentarismo.
- Trabalhos prolongados em pé ou sentados.
- Tromboses anteriores (TVP) que danificam as válvulas.
Quais são os sinais de alerta?
- Parede venosa visível, tortuosa e azulada.
- Sensação de peso ou dor nas pernas.
- Inchaço ao final do dia.
- Coceira, escurecimento da pele ou feridas que não cicatrizam — procure médico rapidamente.
- Sangramento após trauma leve na região das varizes.
Como é feito o diagnóstico?
O primeiro passo é a avaliação clínica por um angiologista ou cirurgião vascular. Na consulta o médico examina as pernas e faz perguntas sobre sintomas e histórico.
O exame complementar padrão é o Doppler venoso (ultrassom duplex), que mostra o refluxo venoso, a extensão das veias afetadas e orienta o tratamento. É rápido, não invasivo e decisivo para o plano terapêutico.
Tratamentos eficazes — do conservador ao cirúrgico
Existem várias opções e a escolha depende da gravidade, sintomas e expectativas do paciente. Vou listar o que funciona, por que funciona e o que esperar.
Medidas conservadoras (primeiro passo)
- Meias de compressão graduada: reduzem sintomas e impedem progressão. Importante ajustar o grau conforme orientação médica.
- Mudanças no estilo de vida: caminhar regularmente, evitar longos períodos em pé ou sentados, elevar as pernas quando possível e perder peso.
- Cuidados com a pele: hidratação e proteção para evitar ferimentos.
Procedimentos minimamente invasivos
- Escleroterapia (para varizes pequenas e vasinhos): injeção de substância que fecha a veia.
- Ablação endovenosa (laser ou radiofrequência): fecha a veia doente por calor — recuperação rápida e ótimo resultado estético/funcional.
- Colas ou adesivos endovenosos (técnica mais nova): selam a veia sem calor.
Cirurgia (quando indicada)
Em casos extensos ou quando outras técnicas não são apropriadas, pode-se fazer cirurgia (flebectomia ambulatorial ou ligadura/stripping). Hoje em dia, com a evolução das técnicas endovasculares, as cirurgias tradicionais são menos frequentes.
Prevenção prática — o que eu faço e recomendo
Na minha rotina e no que recomendo aos leitores sempre entram medidas simples e sustentáveis:
- Mexer-se a cada 30–60 minutos se você fica muito tempo sentado.
- Elevar as pernas 10–15 minutos após longos períodos em pé.
- Usar meias de compressão em viagens longas ou se seu trabalho exige ficar em pé.
- Manter peso saudável e rotina de caminhadas.
Quando procurar um especialista?
Procure um angiologista/vascular se você tem:
- Dor persistente, inchaço ou alterações na pele.
- Sinais de infecção ou úlcera.
- Vontade de tratar por questões estéticas e entender opções seguras.
Perguntas frequentes (FAQ rápido)
Varizes desaparecem sozinhas?
Não. Sem tratamento e mudanças no estilo de vida, elas tendem a permanecer e podem piorar com o tempo.
Meias de compressão curam varizes?
Elas aliviam sintomas e retardam a progressão, mas não “curam” a veia doente — para isso são necessárias escleroterapia ou procedimentos endovenosos/ cirúrgicos quando indicados.
Tratamentos endovasculares são seguros?
Sim. São técnicas com boa taxa de sucesso e recuperação rápida, quando realizadas por profissional experiente e com avaliação por ultrassom.
Conclusão: resumindo o essencial
Varizes são comuns, tratáveis e — na maioria dos casos — manejáveis com medidas simples, compressão e procedimentos modernos. O diagnóstico por ultrassom e a orientação de um especialista são fundamentais para escolher a melhor estratégia.
Quer um conselho prático final? Não subestime sinais como inchaço persistente ou alteração da pele. Uma consulta precoce preserva qualidade de vida e evita complicações.
FAQ — dúvidas comuns rápidas
- As varizes sempre doem? Nem sempre; muitas são apenas estéticas, mas podem causar dor e desconforto.
- Gravidez piora varizes? Pode sim — mas muitas melhoram após o puerpério; converse com seu médico sobre prevenção.
- Quem devo procurar? Um angiologista ou cirurgião vascular.
E você, qual foi sua maior dificuldade com varizes? Compartilhe sua experiência nos comentários abaixo — eu leio e respondo sempre que possível.
Fontes consultadas e leitura recomendada:
- NHS — Varicose veins: https://www.nhs.uk/conditions/varicose-veins/
- Cleveland Clinic — Varicose Veins Overview: https://my.clevelandclinic.org/health/diseases/14562-varicose-veins
- Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV): https://sbacv.org.br/