Varizes: sinais, causas e tratamentos eficazes — prevenção prática, ultrassom duplex e opções minimamente invasivas

Lembro-me claramente da vez em que uma paciente entrou no meu consultório com as pernas pesadas, manchas escuras no tornozelo e uma vergonha tão grande por causa das varizes que ela vestia apenas calças longas mesmo no calor de 35°C. Na minha jornada como jornalista e especialista em saúde vascular há mais de 10 anos, vi dezenas de histórias assim — pessoas que adiaram o cuidado por medo, desinformação ou acharam que “isso é normal por causa da idade”. Aprendi que informação prática, explicada com empatia, pode transformar a qualidade de vida de quem convive com varizes.

Neste artigo você vai entender o que são varizes, por que aparecem, como identificar sinais de alerta, quais tratamentos realmente funcionam (e por que alguns mitos persistem) e o que pode ser feito no dia a dia para prevenir ou aliviar os sintomas. Prometo explicar tudo em linguagem clara, com evidências e dicas práticas que eu já vi funcionar na rotina clínica e no dia a dia dos pacientes.

Conteúdo

O que são varizes?

Varizes são veias superficiais dilatadas e tortuosas, mais comuns nas pernas. O problema geralmente surge por falha nas válvulas venosas que impedem o refluxo do sangue, causando acúmulo e aumento da pressão dentro das veias.

Pense nas válvulas como portinhas que deixam o sangue subir em direção ao coração; quando elas não fecham bem, o sangue “vaza” e a veia vai se dilatando — é assim que aparecem as varizes e os famosos vasinhos (teleangiectasias), que são versões menores do mesmo problema.

Quem tem mais risco de desenvolver varizes?

  • Idade avançada — o risco aumenta com o tempo.
  • Sexo feminino — hormônios e gravidez aumentam a chance.
  • Histórico familiar — genética é um fator forte.
  • Profissões que exigem ficar muito tempo em pé ou sentado.
  • Obesidade e sedentarismo.
  • Trombose prévia pode prejudicar as válvulas e levar a varizes.

Estima-se que varizes sejam muito comuns: cerca de 1 em cada 3 adultos pode apresentar algum grau de doença venosa crônica (fonte: NHS) (https://www.nhs.uk/conditions/varicose-veins/).

Sintomas — quando é só estético e quando é problema de saúde?

Nem todas as varizes causam dor. Ainda assim, atenção aos sinais:

  • Pesadez, dor ou cansaço nas pernas no final do dia.
  • Inchaço (principalmente tornozelos).
  • Formigamento, cãibras noturnas.
  • Manchas escuras e eczema venoso.
  • Úlceras venosas — sinal de doença venosa avançada; exigem tratamento médico urgente.
  • Tromboflebite superficial (veia dolorida e avermelhada).

Se há dor intensa, calor local e vermelhidão difusa, procure avaliação médica rápida para excluir trombose venosa profunda.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico começa com o exame clínico. O médico observa e palpa as veias e pode usar o Doppler vascular (ultrassom duplex) para avaliar refluxo venoso, localização das veias insuficientes e planejar o tratamento.

Por que o ultrassom é essencial?

Porque ele mostra quais veias estão comprometidas e a direção do fluxo sanguíneo. Sem esse exame, tratamentos como cirurgia ou ablação podem falhar por não atingir a fonte do problema.

Tratamentos: do conservador ao cirúrgico

Hoje há uma escala de opções, e a escolha depende do grau da doença, sintomas e expectativa do paciente.

Medidas conservadoras (primeiro passo)

  • Meias de compressão: aliviam sintomas e retardam a progressão. Níveis comuns: 15–20 mmHg (leve), 20–30 mmHg (moderado), 30–40 mmHg (forte). O ideal é orientação profissional para a medição correta.
  • Elevar as pernas várias vezes ao dia e evitar longos períodos em pé ou sentado.
  • Exercícios regulares: caminhada, bicicleta e alongamentos ajudam o retorno venoso.
  • Controle de peso e dieta equilibrada.

Na prática, já vi pacientes que reduziram significativamente a dor e o inchaço combinando meia de compressão, caminhada diária e troca de postura no trabalho em poucas semanas.

Procedimentos minimamente invasivos

  • Escleroterapia (líquida ou com espuma): injeção de substância que “cola” a veia, indicada para vasinhos e veias varicosas menores.
  • Ablação térmica endovenosa (laser ou radiofrequência): fecha a veia safena doente por dentro. Alta taxa de sucesso e recuperação rápida.
  • Foam sclerotherapy guiada por ultrassom: para veias maiores ou recidivas.

Esses métodos substituíram grande parte das cirurgias tradicionais porque têm menor impacto e retorno mais rápido às atividades. Em consultório vi pacientes voltando ao trabalho em poucos dias após ablação.

Cirurgia tradicional

Em casos extensos pode ser indicada a cirurgia (stripping/retirada de safena) e flebectomias de pequeno porte para remover veias tortuosas. Ainda tem indicação, especialmente quando há grande quantidade de veias comprometidas ou falha de tratamentos prévios.

Por que certos tratamentos funcionam?

O objetivo é eliminar o refluxo venoso ou retirar a veia insuficiente. Quando a veia doente é excluída (por ablação, escleroterapia ou cirurgia), o sangue é redirecionado para veias saudáveis, reduzindo pressão nas veias superficiais e aliviando sintomas. A lógica é simples: corrigir a causa (refluxo) para melhorar o efeito (sintomas e risco de complicações).

Complicações possíveis

  • Trombose venosa profunda (raro, mas sério).
  • Tromboflebite superficial.
  • Úlcera venosa crônica (quando não tratada).
  • Recorrência — a doença venosa pode voltar, por isso acompanhamento é importante.

Prevenção prática — o que você pode começar a fazer hoje

  • Mexa-se: caminhe pelo menos 30 minutos por dia.
  • Troque a posição: evite ficar muito tempo em pé ou sentado; levante-se e ande a cada 30–60 minutos.
  • Use meias de compressão ao viajar ou se trabalha em pé.
  • Durma com os pés levemente elevados quando possível.
  • Mantenha um peso saudável.

Mitos e verdades rápidos

  • Mito: cruzar as pernas causa varizes — Cruzar as pernas não causa varizes; fatores são válvulas venosas, genética e pressão venosa.
  • Verdade: gravidez aumenta a chance de varizes — por alterações hormonais e aumento do volume sanguíneo.
  • Mito: só tratamento cirúrgico resolve — Hoje existem opções menos invasivas com excelentes resultados.

FAQ — Perguntas rápidas que eu escuto sempre

Varizes somem sozinhas? Não. Sem tratamento conservador ou procedimento, elas costumam progredir.

Meias de compressão curam varizes? Não curam, mas aliviam sintomas e ajudam a retardar a progressão.

Qual o melhor tratamento? Depende do caso. Ultrassom duplex orienta a escolha entre escleroterapia, ablação ou cirurgia.

É seguro tratar durante a gravidez? A maioria dos procedimentos é adiada até depois do parto; tratamentos conservadores são indicados durante a gestação.

Conclusão

Varizes são comuns, mas não precisam ser aceitas como algo imutável. Com diagnóstico correto e escolha adequada entre medidas conservadoras e procedimentos minimamente invasivos, é possível aliviar sintomas, melhorar a aparência das pernas e prevenir complicações. Informação e ação são a combinação que mais traz alívio aos pacientes.

E você, qual foi sua maior dificuldade com varizes? Compartilhe sua experiência nos comentários abaixo — sua história pode ajudar outra pessoa a buscar ajuda no momento certo.

Referências e fontes confiáveis

  • Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – informações sobre varizes: https://sbacv.org.br/assuntos/varizes/
  • NHS — Varicose veins: https://www.nhs.uk/conditions/varicose-veins/
  • Mayo Clinic — Varicose veins overview: https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/varicose-veins/symptoms-causes/syc-20350643

Fonte externa de referência utilizada: Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV) — https://sbacv.org.br

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