Lembro-me claramente da vez em que olhei para minhas pernas depois de um turno longo e vi aquela rede azulada aparecendo perto do tornozelo. Na minha jornada, aprendi que varizes não são apenas um problema estético: elas mexem com a autoestima, causam dor e, às vezes, exigem intervenção médica. Passei meses testando meias de compressão, mudando hábitos e conversando com angiologistas até entender o que realmente funcionava — e o que era mito.
Neste artigo você vai aprender, de forma prática e direta, o que são varizes, por que aparecem, como prevenir, quando procurar um especialista e quais tratamentos realmente trazem resultado — com explicações simples, evidências e dicas que uso na rotina e recomendo a pacientes e leitores.
Conteúdo
O que são varizes?
Varizes são veias dilatadas e tortuosas que ficam geralmente nas pernas. Elas surgem quando as válvulas dentro das veias — responsáveis por evitar o refluxo do sangue — deixam de funcionar corretamente. O resultado é acúmulo de sangue e aumento da pressão dentro da veia.
Você já se perguntou por que aparecem mais nas pernas? Porque a circulação precisa vencer a gravidade para retornar o sangue ao coração; qualquer falha nas válvulas facilita o surgimento das varizes.
Causas e fatores de risco
As principais causas e fatores que aumentam a chance de desenvolver varizes incluem:
- Genética: histórico familiar é um fator forte.
- Idade: o risco aumenta com o tempo.
- Sexo: mulheres têm maior predisposição, principalmente por hormônios (gravidez, pílula, menopausa).
- Profissões que exigem ficar em pé ou sentadas por longos períodos.
- Obesidade e sedentarismo.
- Lesões ou tromboses venosas anteriores.
Segundo fontes especializadas, a prevalência varia, mas estima-se que entre 10% e 30% da população adulta apresenta algum grau de doença venosa crônica — número que aumenta com a idade (fonte: Mayo Clinic, NHS).
Sintomas: como identificar se são varizes e quando preocupar-se
Os sinais mais comuns:
- Veias visíveis, azuladas ou arroxeadas, dilatadas e tortuosas.
- Peso nas pernas, cansaço e sensação de queimação.
- Inchaço no tornozelo ou panturrilha, especialmente no fim do dia.
- Câimbras noturnas ou coceira ao redor da veia afetada.
- Complicações mais sérias: úlceras, sangramentos ou trombose — nesses casos, procure atendimento médico imediatamente.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico começa com exame físico e histórico. O ultrassom Doppler venoso é o exame de escolha para avaliar refluxo e obstruções nas veias. É rápido, não invasivo e orienta o tratamento.
Tratamentos eficazes para varizes
Existem opções conservadoras e procedimentos. A escolha depende do grau da doença, sintomas e expectativas do paciente.
Medidas conservadoras (primeiro passo)
- Meias de compressão: ajudam a reduzir dor e inchaço. Testei diferentes compressões (20-30 mmHg e 30-40 mmHg) com orientação profissional; funcionam bem para sintomas leves a moderados.
- Elevação das pernas várias vezes ao dia.
- Exercícios regulares (caminhada, bicicleta) para fortalecer a bomba muscular da panturrilha.
- Perda de peso e evitar longos períodos em pé ou sentados sem movimentar-se.
Procedimentos minimamente invasivos
Para varizes sintomáticas ou que incomodam esteticamente, existem opções com excelentes resultados:
- Scleroterapia: injeção de substância esclerosante em microvarizes e veias reticulares.
- Ablação endovenosa por laser (EVLA) e radiofrequência (RFA): tratam a veia troncular incompetente com alta taxa de sucesso e recuperação rápida.
- Flebectomia ambulatorial (microflebectomia): remoção de veias superficiais pela pele com pequenas incisões.
Eu mesma acompanhei pacientes que, após EVLA seguida de microflebectomia, apresentaram alívio significativo dos sintomas e recuperação quase imediata. Mas é essencial avaliação por especialista para indicação correta.
Cirurgia convencional
Em casos avançados, a cirurgia aberta (stripping) ainda pode ser indicada, embora hoje seja menos comum devido às técnicas endovenosas menos invasivas.
O que funciona e o que é mito?
- Mito: “Só varizes muito grandes precisam de tratamento.” — Falso. Sintomas e risco de complicações orientam a necessidade.
- Mito: “Complicações só acontecem em idade avançada.” — Parcialmente falso; jovens também podem ter problemas sérios dependendo da gravidade da insuficiência venosa.
- Verdade: Meias de compressão ajudam a controlar sintomas, mas não ‘curam’ veias dilatadas profundas.
- Verdade: Mudanças de estilo de vida reduzem progressão e melhoram qualidade de vida.
Prevenção: hábitos que realmente ajudam
- Mova-se a cada 30–60 minutos se precisa ficar sentado ou em pé.
- Pratique exercícios que ativem a panturrilha (caminhada, subir escadas, bicicleta).
- Mantenha peso saudável.
- Use meias de compressão preventivas se tiver histórico familiar e rotina de longos períodos em pé.
- Evite roupas muito apertadas na região da cintura e das coxas por longos períodos.
Riscos e quando procurar um médico
Procure avaliação se houver:
- Dor intensa ou inchaço súbito em uma perna (possível trombose).
- Sangramento de uma veia varicosa.
- Feridas, úlceras na perna que não cicatrizam.
- Aumento progressivo de dor e incapacidade funcional.
FAQs rápidos sobre varizes
1. Varizes têm cura?
Tratamentos modernos podem eliminar as veias doentes e aliviar sintomas. Porém, a tendência à insuficiência venosa pode persistir, exigindo cuidados contínuos.
2. Meias de compressão são desconfortáveis?
Hoje existem modelos mais confortáveis e discretos. A adaptação é individual; experimentar diferentes marcas e compressões com orientação profissional ajuda.
3. Qual o melhor tratamento: laser ou cirurgia?
Para muitas pessoas, ablação endovenosa (laser ou radiofrequência) oferece mesma eficácia com recuperação mais rápida que cirurgia tradicional. A escolha depende da anatomia venosa e avaliação médica.
4. Gravidez piora varizes?
Sim, a gravidez aumenta o risco devido a alterações hormonais e maior pressão venosa. Muitas vezes as varizes melhoram após o parto, mas pode ser necessária avaliação posterior.
Minha recomendação prática (o que eu faço e recomendo)
Quando percebi as primeiras veias surgindo, comecei com mudanças de hábito: caminhada diária, meias de compressão e elevação das pernas. Quando os sintomas persistiram, procurei um angiologista que indicou ultrassom Doppler e, depois de discussão dos prós e contras, optei por ablação endovenosa — procedimento que me trouxe alívio em poucas semanas. Essa combinação (cuidados diários + tratamento indicado por especialista) é o que recomendo a quem quer resultados reais.
Conclusão
Varizes são comuns, tratáveis e merecem atenção. Com diagnóstico correto e opções que vão desde medidas conservadoras até procedimentos minimamente invasivos, é possível reduzir sintomas, prevenir complicações e melhorar a qualidade de vida.
FAQ rápido: varizes podem ser controladas mas exigem acompanhamento; procure um especialista se houver dor, inchaço persistente, sangramento ou úlcera.
Se você está enfrentando varizes hoje, comece com pequenas mudanças: mexa-se mais, use compressão adequada e agende uma avaliação com angiologista ou cirurgião vascular. E lembre-se: cuidar das pernas é também cuidar da sua autoestima e bem-estar.
E você, qual foi sua maior dificuldade com varizes? Compartilhe sua experiência nos comentários abaixo!
Fontes e leituras recomendadas: Mayo Clinic — Varicose veins (https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/varicose-veins), NHS — Varicose veins (https://www.nhs.uk/conditions/varicose-veins/), Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (https://sbacv.org.br/).