Tromboembolismo venoso: sinais, diagnóstico, tratamentos e prevenção prática contra trombose e embolia pulmonar

Lembro-me claramente da vez em que acompanhei minha avó no pronto-socorro com falta de ar e dor na perna. Naquele dia aprendi — de perto, com ansiedade e perguntas sem resposta — o que significa conviver com tromboembolismo venoso. Ver a velocidade com que a equipe agiu, a realização do exame de imagem e o início do anticoagulante mudou para sempre a minha visão sobre prevenção e cuidado. Na minha jornada como jornalista e especialista em saúde, essa experiência me ensinou duas coisas: informação salva vidas e explicá-la de forma humana é obrigação.

Neste artigo você vai entender, de forma clara e prática:

  • O que é tromboembolismo venoso e por que ele acontece;
  • Quais são os sinais, exames e tratamentos mais usados;
  • Como prevenir, reduzir riscos e o que fazer em uma emergência;
  • Respostas diretas às dúvidas mais comuns.

Conteúdo

O que é tromboembolismo venoso (VTE)?

Tromboembolismo venoso (VTE) é o termo que engloba duas condições relacionadas: trombose venosa profunda (TVP) — coágulos que se formam nas veias, normalmente das pernas — e embolia pulmonar (EP) — quando um desses coágulos se solta e viaja até os pulmões.

Pense no sangue como trânsito: quando um “engarrafamento” (coágulo) se forma em uma estrada (veia), ele pode bloquear a via ou quebrar e causar um acidente em outro local (pulmão).

Por que o tromboembolismo venoso acontece?

Existem três grandes fatores que explicam a formação de coágulos — conhecidos como tríade de Virchow:

  • Estase sanguínea (sangue parado): longos períodos de imobilidade, viagens longas, repouso prolongado pós-cirúrgico;
  • Lesão endotelial (dano ao vaso): traumas, cirurgias, cateteres;
  • Alterações na coagulação (hipercoagulabilidade): câncer, uso de anticoncepcionais hormonais, gravidez, algumas doenças genéticas (trombofilias).

Quem tem maior risco?

Alguns fatores aumentam muito a chance de VTE:

  • Cirurgia recente (principalmente ortopédica);
  • Câncer ativo;
  • Imobilização prolongada (hospital, avião, cadeira de rodas);
  • Idade avançada e obesidade;
  • História prévia de trombose;
  • Uso de anticoncepcionais combinados ou terapia hormonal;
  • Gravidez e puerpério;
  • Tabagismo e algumas doenças inflamatórias crônicas.

Como identificar: sinais e sintomas

Nem todo tromboembolismo venoso se manifesta da mesma forma. Os sinais mais comuns são:

  • Para TVP: dor, inchaço, calor e vermelhidão em uma perna (geralmente unilateral);
  • Para EP: falta de ar súbita, dor torácica que piora ao respirar, taquicardia, tontura ou desmaio.

Você já sentiu dor na panturrilha depois de uma viagem longa? E aquela falta de ar que surge do nada? Se sim, procure avaliação médica imediata.

Exames que confirmam o diagnóstico

O caminho diagnóstico costuma ser rápido porque tratar cedo salva vidas:

  • D-dímero: exame de sangue útil como triagem (valor baixo afasta VTE em situações de baixa probabilidade);
  • Ultrassom Doppler venoso: exame de escolha para TVP;
  • Angiotomografia pulmonar (CTPA): padrão-ouro para embolia pulmonar;
  • Radiografia de tórax e gasometria podem ajudar na avaliação inicial.

Tratamento: o que esperar

O tratamento do tromboembolismo venoso tem duas frentes: tratar o coágulo atual e prevenir novos episódios.

  • Anticoagulação: heparina (heparina não fracionada ou de baixo peso molecular) inicialmente; depois anticoagulantes orais (varfarina ou anticoagulantes orais diretos — DOACs como rivaroxabana, apixabana). Os DOACs tornaram o tratamento mais simples em muitos casos.
  • Duração: depende se o evento foi provocado (cirurgia, imobilização) ou não; geralmente 3 meses para episódios provocados, e avaliação individual para episódios não provocados (pode ser 6 meses ou indefinido).
  • Filtros de veia cava: usados em casos selecionados quando anticoagulação é contraindicada.
  • Trombólise ou embolectomia: em situações graves de EP com instabilidade hemodinâmica.

Por que os DOACs são tão usados? Porque, em comparação com a varfarina, eles têm menos interações alimentares, não precisam de tantas monitorizações e têm eficácia similar em muitos cenários. Ainda assim, não são indicados para todos (ex.: válvulas mecânicas, insuficiência renal grave, gravidez).

Prevenção prática — o que eu recomendo na vida real

Da minha experiência acompanhando pacientes e equipes médicas, pequenas atitudes fazem grande diferença:

  • Movimente-se a cada 1–2 horas em viagens longas; faça exercícios simples de panturrilha;
  • Ao se internar, pergunte à equipe sobre profilaxia para trombose (medicação e meias elásticas);
  • Se tiver fatores de risco (câncer, histórico prévio), mantenha acompanhamento especializado;
  • Mantenha hidratação adequada e evite tabagismo;
  • Informe o médico sobre uso de anticoncepcionais ou terapia hormonal se tiver risco aumentado.

Perigos e sinais de gravidade — quando buscar emergência

Procure atendimento imediato se houver:

  • Falta de ar súbita ou dor torácica intensa;
  • Inchaço e dor súbita em uma perna com aquecimento e vermelhidão;
  • Sinais de sangramento importante enquanto faz anticoagulante (vômito com sangue, fezes escuras, tontura intensa, sangramento que não cessa).

Questões frequentes (FAQ)

1. Quanto tempo dura o tratamento com anticoagulante?

Depende: para trombose provocada, costuma ser 3 meses. Para trombose não provocada, a decisão é individualizada (6 meses ou tratamento contínuo) considerando risco de recorrência e risco de sangramento.

2. Posso viajar de avião depois de ter tido uma trombose?

Sim, mas planeje com seu médico. Em casos recentes, pode haver indicação de meias de compressão e medicação profilática. Movimentar-se durante o voo é essencial.

3. É recomendado investigar trombofilias após um episódio?

Nem sempre. A investigação é indicada em casos de trombose recorrente, em pacientes jovens sem fatores de risco claros, ou antes de interrupção de anticoagulação em alguns cenários. A avaliação deve ser feita com um especialista.

4. Anticoagulantes fazem mal? Quais são os riscos?

O principal risco é sangramento. Porém, para a maioria dos pacientes com indicação clara, os benefícios de prevenir nova trombose superam o risco. É fundamental seguir orientações médicas e reportar qualquer sangramento.

5. Gestantes podem usar anticoagulantes?

Durante a gravidez, os DOACs não são recomendados. A heparina de baixo peso molecular é o tratamento padrão seguro na gestação. Planejamento com equipe obstétrica é essencial.

Fontes e evidências

Para escrever este texto consultei materiais de referência e diretrizes reconhecidas internacionalmente, como CDC e American Heart Association, além de documentos de orientação em prevenção e tratamento de VTE.

Resumo final e conselho prático

Tromboembolismo venoso é uma condição comum e potencialmente grave, mas que pode ser diagnosticada e tratada de forma eficaz quando há suspeita e resposta rápida. Previna-se com movimento, hidratação e, quando hospitalizado, confirme se há medidas profiláticas. Se você ou alguém perto de você sentir dor intensa na perna ou falta de ar súbita, não hesite: procure atendimento.

E você, qual foi sua maior dificuldade com tromboembolismo venoso? Compartilhe sua experiência nos comentários abaixo — sua história pode ajudar outra pessoa a agir a tempo.

Referências:

  • Centers for Disease Control and Prevention — Venous Thromboembolism (VTE): https://www.cdc.gov/ncbddd/dvt/index.html
  • American Heart Association — Venous Thromboembolism: https://www.heart.org/en/health-topics/venous-thromboembolism
  • Ministério da Saúde (Brasil): https://www.gov.br/saude/pt-br

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