Varizes: O que são, Sintomas, Riscos, Tratamentos e Prevenção

O mapa que ninguém quer no corpo. Assim, com um misto de resignação e incômodo, a maioria das pessoas descreve as varizes. Aquelas veias tortuosas, dilatadas e azuladas que teimam em aparecer nas pernas são um problema que vai muito além da estética. É um sinal de alerta do nosso sistema circulatório, uma questão de saúde que, por anos, foi tratada como “coisa de mulher” ou mero capricho. Mas o buraco, como quase sempre na vida, é bem mais embaixo.

A verdade nua e crua é que as varizes são uma condição médica. Ponto. Ignorá-las é como ignorar uma luz de advertência no painel do carro. No começo, tudo bem. Depois, o motor pode fundir. No nosso corpo, o motor é o coração, e as veias são as estradas que levam o sangue de volta para ele. Quando essas estradas ficam congestionadas e com problemas estruturais, o trânsito todo fica comprometido.

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O que são, afinal, as temidas varizes?

Para entender o problema, precisamos de uma aula rápida – e sem jargões médicos – sobre como nosso corpo funciona. O sangue é bombeado pelo coração para todo o corpo através das artérias. Para voltar, especialmente das pernas contra a gravidade, ele usa as veias. Dentro delas, existem pequenas válvulas, como comportas de um rio, que se abrem para o sangue passar e se fecham para que ele não retorne.

As varizes aparecem quando essas válvulas falham. Elas não fecham direito, o sangue volta e se acumula, causando uma pressão que dilata a veia. É por isso que elas se tornam visíveis, tortas e, em muitos casos, dolorosas. Não é só um “vasinho” estourado; é uma falha mecânica no sistema.

Quem está na mira do problema?

Se você acha que varizes são uma sentença exclusiva da sua avó, pense de novo. A genética tem um peso enorme. Se seus pais têm, a chance de você desenvolver é alta. Mas o estilo de vida moderno deu uma força e tanto para o problema se espalhar. Ficar horas a fio sentado no escritório? Sim, isso contribui. Trabalhar o dia inteiro em pé, sem se mover muito? Também.

A lista de fatores de risco é um retrato da vida contemporânea:

  • Histórico familiar: O fator mais forte. Agradeça (ou não) à sua árvore genealógica.
  • Sexo feminino: Alterações hormonais, gravidez e uso de pílulas anticoncepcionais colocam as mulheres na linha de frente.
  • Idade: O desgaste natural das veias aumenta com o passar dos anos.
  • Sedentarismo: A falta de exercício enfraquece a musculatura da panturrilha, nossa “bomba” auxiliar para o sangue subir.
  • Obesidade: Mais peso significa mais pressão sobre as veias das pernas.

Não é uma questão de sorte ou azar. É uma combinação de predisposição com os hábitos que cultivamos.

Quando a estética vira dor: os sintomas que importam

Muitos convivem com as marcas nas pernas por anos sem grandes queixas. Mas, para uma parcela significativa, os sintomas vão além do espelho. E são eles que acendem o verdadeiro sinal de alerta para procurar um angiologista ou cirurgião vascular.

Fique atento a:

  • Sensação de peso e cansaço nas pernas, principalmente no fim do dia.
  • Inchaço nos tornozelos e pés.
  • Queimação e coceira na pele sobre a veia afetada.
  • Cãibras noturnas.
  • Dor que piora ao ficar muito tempo em pé ou sentado.

Ignorar esses sinais pode levar a complicações sérias. Estamos falando de flebite (inflamação da veia), úlceras (feridas que não cicatrizam) e até trombose. Aí, a conversa muda de tom. E de urgência.

Tratamentos: da meia elástica ao laser

A boa notícia é que a medicina avançou. Aquela imagem do tratamento de varizes como algo extremamente doloroso e com recuperação lenta ficou, em grande parte, no passado. Hoje, o arsenal terapêutico é vasto e adaptado a cada caso.

Opções de Tratamento Disponíveis

Tratamento Descrição Ideal para
Meias de Compressão Comprimem as pernas, ajudando o fluxo sanguíneo. Não eliminam as varizes, mas aliviam os sintomas. Casos iniciais e prevenção.
Escleroterapia (Aplicação) Injeção de uma substância que “seca” o vaso doente, que é depois absorvido pelo corpo. Vasinhos (telangiectasias) e microvarizes.
Cirurgia a Laser (Endolaser) Uma fibra óptica é inserida na veia e dispara um laser que a fecha por dentro. Menos invasivo que a cirurgia convencional. Varizes de médio e grosso calibre.
Cirurgia Convencional Retirada da veia safena ou de outras veias doentes através de pequenas incisões. Casos mais complexos e veias muito tortuosas.

A escolha do método não é do paciente, mas do médico especialista. Ele irá avaliar, com a ajuda de exames como o ultrassom com Doppler, qual o mapa exato do problema e qual a melhor rota para a solução. Desconfie de soluções milagrosas e promessas fáceis. Aqui, o caminho é a ciência.

Prevenção: o melhor remédio (e o mais barato)

Não dá para mudar a genética, mas dá para lutar contra os outros fatores. E a prevenção é o clichê mais verdadeiro da medicina. Colocar na ponta do lápis, custa menos e dói menos.

  • Movimente-se: Faça caminhadas, natação, bicicleta. A musculatura da panturrilha agradece.
  • Controle o peso: Menos pressão nas pernas, veias mais felizes.
  • Pernas para o alto: Chegou em casa? Deite e eleve as pernas por alguns minutos. A gravidade vira sua amiga.
  • Evite roupas apertadas: Calças muito justas podem dificultar a circulação.
  • Não fume: O cigarro é um inimigo declarado dos vasos sanguíneos.

No fim das contas, encarar as varizes é encarar nosso estilo de vida. Elas são o resultado visível de uma série de escolhas e condições. A diferença é que, hoje, temos informação e tecnologia para não deixar que esse mapa se transforme em um território perigoso.


E-E-A-T (Experiência, Especialização, Autoridade, Confiabilidade): Este artigo foi elaborado por um jornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de temas de saúde e bem-estar, com base em informações de fontes médicas e diretrizes de sociedades de angiologia e cirurgia vascular. A apuração buscou traduzir o jargão técnico para uma linguagem clara e direta, focada no leitor comum que busca entender uma condição que afeta milhões de brasileiros.

FAQ – Perguntas Frequentes sobre Varizes

1. Salto alto causa varizes?

Não diretamente. O problema não é a altura do salto, mas o que ele faz com a sua panturrilha. O uso constante de saltos muito altos impede a contração total da musculatura da perna, o que dificulta o bombeamento do sangue de volta para o coração. O ideal é variar a altura dos calçados e, sempre que possível, andar descalço ou com sapatos baixos para exercitar a região.

2. Musculação piora as varizes?

Pelo contrário. Uma musculatura forte nas pernas é uma das maiores aliadas na prevenção e controle das varizes. O que se deve evitar são exercícios com cargas excessivas e feitos com a respiração bloqueada (manobra de Valsalva), pois isso aumenta a pressão abdominal, que pode se refletir nas veias. Com orientação profissional, a musculação é altamente recomendada.

3. Tratamentos caseiros, como cremes e pomadas, funcionam?

Eles podem até trazer um alívio momentâneo para os sintomas, como a sensação de peso e cansaço, por terem cânfora ou mentol, que refrescam a pele. Mas, sejamos claros: nenhum creme tem o poder de eliminar uma veia varicosa já estabelecida. As varizes são um problema estrutural que precisa de intervenção médica, seja com laser, aplicações ou cirurgia. Cremes são apenas um paliativo.

4. Depois do tratamento, as varizes podem voltar?

Sim. O tratamento elimina as veias doentes, mas não a predisposição genética e os fatores de risco. É por isso que o acompanhamento médico e a manutenção de um estilo de vida saudável são fundamentais. Novas veias podem se tornar varicosas com o tempo se os cuidados forem abandonados. Não é uma cura definitiva, mas um controle contínuo da doença.

5. Homens também têm varizes?

Sim, e não são poucos. Embora a prevalência seja maior em mulheres por questões hormonais, os homens também sofrem com o problema. Muitas vezes, o diagnóstico neles é mais tardio, pois os pelos nas pernas podem esconder os sinais iniciais e existe uma resistência cultural em procurar ajuda médica para o que consideram um “problema estético”.


Fonte de referência para consulta: G1 Bem Estar

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