Aneurisma de aorta: sinais de alerta, diagnóstico por imagem, fatores de risco, prevenção e opções cirúrgicas

Lembro-me claramente da vez em que cobri, em uma emergência, a história de um homem de 72 anos cujo “incidente” começou com uma dor súbita nas costas. Ele havia ido ao pronto-socorro achando que era uma crise lombar — até que a equipe encontrou um aneurisma de aorta roto. Aquelas horas foram uma aula dura sobre rapidez, comunicação e decisões médicas que salvam vidas. Na minha jornada como jornalista especializado em saúde e acompanhando equipes vasculares, aprendi que informação prática e precoce pode transformar desfechos.

Neste artigo você vai entender o que é aneurisma de aorta, como é feito o diagnóstico, quais os fatores de risco, opções de tratamento (quando operar e quando acompanhar), sinais de alerta de ruptura e como reduzir riscos no dia a dia. Vou explicar com linguagem simples, exemplos práticos e fontes confiáveis para que você possa agir com segurança.

Conteúdo

O que é aneurisma de aorta?

O aneurisma de aorta é uma dilatação localizada na parede da aorta, a maior artéria do corpo. Imagine um balão ou uma mangueira que, por uma fraqueza na parede, começa a formar uma protuberância — isso é um aneurisma.

Existem dois grandes grupos: aneurisma da aorta abdominal (AAA), mais comum, e aneurisma da aorta torácica (AAT), menos frequente mas potencialmente mais perigoso dependendo da localização.

Por que acontece? Principais causas e fatores de risco

  • Idade: mais comum em pessoas acima de 65 anos.
  • Tabagismo: o principal fator de risco modificável. Fumar aumenta muito a chance de formação e crescimento.
  • Hipertensão arterial: pressão alta aumenta o estresse na parede aórtica.
  • Aterosclerose: acúmulo de placa contribui para fraqueza da parede.
  • Doenças genéticas: Marfan, Loeys-Dietz e síndromes relacionadas exigem vigilância precoce.
  • Histórico familiar: parentes com aneurisma elevam o risco.

Como o aneurisma de aorta se manifesta? Sintomas

Muitos aneurismas são silenciosos e descobertos por acaso em exames de imagem. Quando causam sintomas, estes podem incluir:

  • Dor abdominal ou nas costas (súbita e intensa pode indicar ruptura).
  • Sensação de pulsação no abdômen (algumas pessoas notam “uma pulsação” ao deitar).
  • Para aneurismas torácicos: dor no peito, rouquidão ou dificuldade para engolir.

Ressalto: dor súbita intensa + pressão baixa = sinal de alerta vermelho. Procure emergência imediatamente.

Como é feito o diagnóstico?

As ferramentas principais são exames de imagem:

  • Ultrassonografia abdominal: rastreamento inicial muito usado para AAA; é rápido, sem radiação e eficaz para medir o diâmetro.
  • Tomografia computadorizada com angiografia (TC angio): padrão-ouro para avaliar tamanho, extensão e planejamento cirúrgico.
  • Ressonância magnética (RM): alternativa quando TC não é indicada.
  • Raio-X de tórax: pode mostrar calcificação ou alargamento da aorta torácica.

Quando operar? Critérios e decisões práticas

A decisão entre acompanhar e operar depende de tamanho, localização, sintomas e velocidade de crescimento.

  • AAA: a recomendação usual é considerar reparo quando o diâmetro ≥ 5,5 cm em homens; em mulheres o limiar costuma ser menor (≈5,0 cm) devido ao risco maior de ruptura. Intervenção também indicada se houver crescimento rápido (>0,5 cm em 6 meses) ou sintomas.
  • Aneurisma torácico: intervenções geralmente propostas para diâmetros maiores (por exemplo, ≥5,5 cm na aorta ascendente), mas os limiares variam se o paciente tem Marfan ou outra doença do tecido conjuntivo — nesses casos, indica-se operar mais cedo.
  • Opções de reparo: cirurgia aberta (substituição do segmento por prótese) ou reparo endovascular (EVAR para aorta abdominal; TEVAR para aorta torácica), dependendo da anatomia e do risco cirúrgico.

Por que esses números? Porque o risco de ruptura cresce com o diâmetro e a cirurgia busca evitar esse evento catastrófico, equilibrando risco da operação e benefício esperado.

Tratamentos e manejo não cirúrgico

Nem todo aneurisma precisa ser operado de imediato. O manejo clínico visa reduzir risco de crescimento e ruptura:

  • Controle rigoroso da pressão arterial (antihipertensivos, frequentemente betabloqueadores ou IECA/BRAs).
  • Tratamento do colesterol (estatinas), pois melhoram o risco vascular global.
  • Parar de fumar — a medida com maior impacto na progressão.
  • Monitoramento por imagem em intervalos regulares (ultrassom a cada 6–12 meses, dependendo do tamanho).

O que esperar na cirurgia: EVAR vs. cirurgia aberta

EVAR/TEVAR são procedimentos minimamente invasivos em que se coloca uma endoprótese pela artéria femoral até a área do aneurisma. Vantagens: menor tempo de recuperação imediata e menor morbidade inicial.

Cirurgia aberta envolve incisão maior e substituição direta da aorta; é muitas vezes preferida quando a anatomia não permite EVAR ou em pacientes mais jovens com expectativa de durabilidade a longo prazo.

Sinais de ruptura — quando agir rápido

Um aneurisma roto tem alta mortalidade. Fique atento a:

  • Dor abdominal intensa e súbita ou dor lombar intensa.
  • Desmaio, tontura, palidez e sudorese fria (sinais de choque).
  • Queda rápida da pressão arterial.

Nesse cenário, procure imediatamente o serviço de emergência mais próximo.

Prevenção e rastreamento: quem deve fazer exame?

Nos Estados Unidos, o USPSTF recomenda ultrassom abdominal uma vez para homens de 65 a 75 anos que já fumaram. No Brasil, a prática de rastreamento é mais individualizada, especialmente se houver fatores de risco.

Recomendações práticas:

  • Homens 65–75 que fumaram: considerar ultrassom de triagem.
  • Pessoas com histórico familiar de aneurisma: discutir rastreamento precoce com o médico.
  • Pacientes com doenças genéticas (Marfan, etc.): vigilância regular por equipes especializadas.

Perguntas frequentes rápidas (FAQ)

1. Aneurisma de aorta tem cura?

Se tratado adequadamente (cirurgia ou EVAR quando indicado), pode-se corrigir o problema. O acompanhamento contínuo é essencial para prevenir complicações futuras.

2. Posso viver normalmente com um aneurisma pequeno?

Sim, com controle de fatores de risco (parar de fumar, controlar pressão e colesterol) e exames periódicos, muitas pessoas mantêm boa qualidade de vida.

3. Quais exames devo fazer para monitorar?

Ultrassonografia abdominal para AAA e TC angio para avaliações detalhadas e planejamento de tratamento.

4. O que aumenta o risco de ruptura?

Tamanho grande do aneurisma, crescimento rápido, presença de dor/sintomas e pressão arterial não controlada.

Resumo prático

  • Aneurisma de aorta é uma dilatação perigosa que pode ser silenciosa; o tabagismo e a hipertensão são os maiores vilões.
  • Rastreamento e diagnóstico por imagem salvam vidas — saiba seus fatores de risco e converse com seu médico.
  • Pequenos aneurismas podem ser acompanhados; os maiores ou sintomáticos geralmente precisam de reparo (EVAR/TEVAR ou cirurgia aberta).
  • Na suspeita de ruptura, procure emergência imediata.

Termino com um conselho baseado em experiências reais: informação e ação precoce salvam vidas. Se você tem fatores de risco — especialmente se já fumou ou tem histórico familiar — não adie uma conversa com seu médico sobre rastreamento.

FAQ rápido de dúvidas comuns

  • Qual o principal exame para triagem? Ultrassom abdominal.
  • Quando operar um AAA? Geralmente a partir de ~5,5 cm em homens, menor em mulheres, ou se houver crescimento rápido/sintomas.
  • EVAR é melhor que cirurgia aberta? Depende da anatomia e do perfil do paciente; cada opção tem prós e contras.

E você, qual foi sua maior dificuldade com aneurisma de aorta? Compartilhe sua experiência nos comentários abaixo!

Fontes e leituras recomendadas: American Heart Association (https://www.heart.org), Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (https://sbacv.org.br) e Mayo Clinic (https://www.mayoclinic.org) — usei material dessas instituições para embasar este texto, especialmente as páginas da Mayo Clinic e da AHA.

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