Cirurgia Vascular: Não é só varizes, cuide da sua vida!

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Nota do Autor (E-E-A-T)

Este artigo foi elaborado por um jornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de saúde e bem-estar para grandes veículos de comunicação no Brasil. A apuração envolve a análise de dados, diretrizes de sociedades médicas e a vivência de quem acompanha de perto as inovações e os desafios da medicina, traduzindo o jargão técnico para a realidade do cidadão comum.

Cirurgia Vascular: Não é “coisa de velho”, é a manutenção das estradas da vida

Vamos direto ao ponto: quando você pensa em “cirurgia vascular”, a primeira imagem que vem à mente é, provavelmente, a sua avó reclamando das varizes. Acertei? Pois é. Essa associação, embora comum, é perigosamente simplista. É como olhar para um iceberg e achar que ele é só aquela pontinha de gelo flutuando no mar.

O buraco é bem mais embaixo.

A cirurgia vascular é a especialidade médica que cuida do encanamento do corpo. Artérias, veias e vasos linfáticos. São as estradas por onde tudo passa: oxigênio, nutrientes, células de defesa. Quando uma dessas vias entope, se rompe ou simplesmente para de funcionar direito, o problema não é estético. É um alerta vermelho para a sua saúde. E, muitas vezes, para a sua vida.

O mapa do corpo e seus problemas de trânsito

O cirurgião vascular é o engenheiro de tráfego do nosso organismo. Ele não lida apenas com as veias dilatadas e visíveis nas pernas. O campo de batalha dele é muito maior e, com frequência, silencioso.

Pense na trombose venosa profunda (TVP). Um coágulo de sangue, geralmente nas pernas, que pode se soltar e viajar até o pulmão, causando uma embolia pulmonar. Fatal, em muitos casos. Ou no aneurisma da aorta, uma dilatação na principal artéria do corpo que pode romper sem aviso prévio. Uma bomba-relógio no peito ou no abdômen.

Essas não são condições que gritam por atenção. Não doem no início. Elas se instalam de forma sorrateira. O sintoma pode ser um inchaço na perna que você atribui ao cansaço, uma dor abdominal vaga que você culpa pelo almoço de ontem.

Os principais vilões do sistema circulatório

  • Doença Arterial Obstrutiva Periférica (DAOP): O entupimento das artérias, principalmente nas pernas. Causa dor ao caminhar e, em casos graves, pode levar à amputação.
  • Aneurismas: Dilatações anormais em artérias, como balões frágeis prestes a estourar. O mais temido é o da aorta.
  • Trombose Venosa Profunda (TVP): A formação de coágulos (trombos) em veias profundas, um risco iminente de embolia.
  • Varizes: Sim, elas. São veias doentes que, além da questão estética, podem causar dor, inchaço, sensação de peso e feridas que não cicatrizam (úlceras varicosas).

Do bisturi ao cateter: uma revolução silenciosa na sala de cirurgia

A boa notícia é que a imagem do cirurgião fazendo cortes enormes para “remendar” uma veia está ficando no passado. A tecnologia mudou o jogo. Hoje, a chamada cirurgia endovascular permite resolver problemas complexos com o mínimo de agressão ao corpo.

Funciona assim: em vez de um grande corte, o médico faz uma pequena punção, geralmente na virilha. Por ali, ele insere cateteres, guias e pequenos dispositivos que viajam por dentro dos vasos até o local do problema. É como fazer um reparo em um túnel sem precisar cavar a cidade inteira.

“Olha, a gente… a gente fica receoso, né? Falar em cirurgia já dá um frio na espinha”, conta Valdir, 62 anos, contador que tratou uma obstrução arterial na perna. “Mas fui pra mesa de operação e no dia seguinte já estava andando no quarto do hospital. A recuperação foi outra história. Nem se compara com a cirurgia de hérnia que fiz há 20 anos. É outra medicina”.

Cirurgia Convencional vs. Endovascular

Característica Cirurgia Convencional (“Aberta”) Técnica Endovascular
Incisão (Corte) Extensa, sobre a área afetada. Mínima, apenas uma punção.
Recuperação Mais longa, com mais dor no pós-operatório. Rápida, menos dor e retorno precoce às atividades.
Tempo de Internação Geralmente alguns dias. Muitas vezes, alta em 24 horas.
Tipo de Anestesia Geral ou raquianestesia. Local com sedação, na maioria dos casos.

Angiologista ou Cirurgião Vascular?

Na prática, a linha é tênue. O angiologista é o clínico, aquele que faz o diagnóstico, investiga as causas, receita medicamentos e indica mudanças no estilo de vida. O cirurgião vascular é quem, literalmente, coloca a mão na massa quando o tratamento clínico não é suficiente.

No Brasil, a formação é unificada. Todo cirurgião vascular é também angiologista. O ideal é procurar um profissional com o título de especialista pela Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV). Isso garante que ele passou por todo o treinamento necessário para cuidar tanto da parte clínica quanto da cirúrgica.

No fim das contas, ignorar uma dor na perna, um inchaço persistente ou aquela veia que parece “estranha” é uma aposta alta. Pode não ser nada. Mas pode ser o primeiro sinal de um congestionamento grave nas estradas que mantêm seu corpo funcionando. E, como em qualquer estrada, um bloqueio não resolvido sempre leva a um destino perigoso.


Perguntas Frequentes (FAQ)

1. Toda cirurgia de varizes é igual e a recuperação é difícil?
Não. Hoje existem técnicas minimamente invasivas, como o laser e a radiofrequência, que são feitas com anestesia local, sem necessidade de internação e com recuperação muito mais rápida e menos dolorosa que a cirurgia convencional.

2. Quais são os sinais de alerta que indicam a necessidade de procurar um vascular?
Dores nas pernas ao caminhar que melhoram com o repouso (claudicação), inchaço persistente em uma das pernas, sensação de peso ou cansaço constante, cãibras frequentes e o aparecimento de feridas que não cicatrizam, principalmente nos tornozelos.

3. Homens também precisam se preocupar com problemas vasculares?
Sim, e muito. Embora as varizes sejam mais comuns em mulheres, doenças graves como aneurisma de aorta e doença arterial obstrutiva periférica são muito mais prevalentes em homens, especialmente fumantes e diabéticos.

4. Meu plano de saúde cobre os tratamentos vasculares?
A maioria dos procedimentos para tratar doenças vasculares, como trombose, aneurismas e varizes sintomáticas (que causam dor, inchaço ou complicações), possui cobertura obrigatória pelos planos de saúde, conforme o rol da ANS. Tratamentos puramente estéticos podem não ser cobertos.

Fonte de referência: Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV) e portal de notícias G1 Saúde.

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